sábado, 25 de agosto de 2007

Pretty Woman trash


Sai Julia Roberts, entra Zé do Caixão. O dramalhão em Bangu desconhecia as vantagens de uma iluminação imponente; até vaga-lumes teriam performance mais digna em meio ao intenso combate no gramado. Coitadinho do presidente, ele não merecia sofrer com um filme trash sem holofotes como este em Pretty Woman. João Bosco, adepto dos efeitos hollywoodianos, desejava o fim desse pesadelo; ele só queria se deleitar com o corsário Duro de Matar 4 adquirido na noite anterior. No entanto, a partida parecia contrariar a ditadura do tempo, avançando melancolicamente diante da escuridão ameaçadora.

A excessiva e burocrática cautela villa-novense teve o dom de ressuscitar a moribunda equipe do Madureira, garantindo a pungente carga de dramaticidade tipo C que tomou conta de todo o segundo ato. Ahhh...um cenário perfeito para uma transmissão radiofônica livre da companhia maldita da televisão e suas imagens irritantemente categóricas. Aguiar pôde gritar e vociferar com tranqüilidade; também pude dar um tom funesto e gutural a cada avanço amarelo, construindo um cenário de caos que certamente tocou o ouvinte distante e carente.

Ah...como somos maus...Mas podem acreditar: os minutos finais foram realmente angustiantes; nem mesmo a vexatória penumbra de Pretty Woman conseguiu ocultar o sofrimento de toda gente humilde do Leão que só desejava avançar para a próxima fase e seguir sonhando com o eldorado da Série B. No entanto, o time amarelo hepatite do subúrbio buscava incessantemente o gol de empate; sua digna luta pela honra se confundia com os boatos de doping financeiro juventino, materializados em uma mala preta recheada de pizzas sabor calabresa.

A Rádio Carioca 710 se entusiasmava a cada jogada de ataque; produzindo um escarcéu na varanda de imprensa e impulsionando as parcas esposas e sogras nas arquibancadas frenéticas; já a Aurilândia e a concorrente depositavam esperanças no feitiço do tempo, apenas ele poderia salvar o amedrontado e acuado leão. Em meio à avalanche de sensações e desejos, o árbitro daria a cartada final, assumindo seu tradicional papel de vilão e protagonizando lamentáveis ofensas, expulsões, discussões e ameaças nos instantes derradeiros. Por favor, só não ofendam a bandeirinha Dulcinete, que ela é moça de família...O discurso de superação contra tudo e todos já estava preparado, bastava resistir e vencer. Foi divertido.

O Madureira foi agressivo desde o início da segunda etapa, buscando envolver um adversário que simplesmente renunciou ao ataque. O técnico Gabriel Vieira percebeu a nova face da partida e aos 11 minutos modificou a equipe, promovendo a entrada de um bancário atacante na vaga de um lateral-direito defensor (saiu Celso, entrou Dinei). Logo na seqüência, aos 14 minutos, o já evidente domínio territorial amarelo encontrou o travessão do milagreiro Glaysson, em potente disparo de Michel já na acolhedora área vip villa-novense. O retumbante uhhhh das esposas suburbanas nas arquibancadas impulsionou o Madureira; a equipe manteve o sufoco, alterou um zagueiro por contusão e levou o prudente Flávio Lopes a retirar um atacante e colocar um meio-campista defensivo (saiu Rômulo, entrou Jackson). O Villa permanecia com a liderança do marcador: 2 a 1.

Aos 26 minutos, Luciano invadiu a área e finalizou para o gol. O disparo não foi forte, mas descreveu uma trajetória traiçoeira. Glaysson, provavelmente disposto a agradar o presidente, saltou como um Bruce Willis negro e alado. A defesa do milagreiro encheu de impactante frustração a gente suburbana, o Villa pôde respirar melhor e até desafiar os mistérios das trevas do campo inimigo. No entanto, aos 34 minutos, Fabinho boca suja entraria bisonhamente em ação.

O obscuro atacante do Villa Nova invadiu a área adversária pela direita e caiu na terra prometida na esperança de um pênalti salvador. O árbitro capixaba não se sensibilizou com a tosca simulação e ordenou a imediata seqüência do confronto. Fabinho boca suja, tomado por fulminante indignação, mirou o insensível árbitro e manifestou toda a educação que seus pais lhe ofereceram, desejando em alto e bom som que o mandatário da partida tomasse no c. O árbitro, aparentemente não adepto da prática sodomita, negou o convite e respondeu com um cartão vermelho. O caos tomaria conta da trash Pretty Woman.

Fabinho boca suja ainda caminhava sorrateiramente rumo ao vestiário quando, aos 37 minutos, o árbitro capixaba, já uma das estrelas do evento, disse a Carciano que ele estava “falando demais”. O zagueiro capitão villa-novense, um gentleman, uma espécie de novo Príncipe Etíope do futebol brasileiro, foi expulso de campo. O comandante Flávio Jennifer Lopes, tomado por incontrolável ira, invadiu o gramado, gritou, esperneou, rebolou e também foi eliminado pelo júri. O árbitro, cercado por um voraz mar alvirrubro, friamente manteve-se irredutível; Bangu I já estava em alerta.

Fabinho boca suja, o gentleman Carciano e Flávio Jennifer Lopes, acompanharam o restante da partida na entrada dos vestiários. O quarto árbitro ainda acionou a força policial, na tentativa de retirá-los do local. No entanto, nunca existiu lei em Bangu; Lopes seguiu gritando histrionicamente, implorando para que o time tomasse cuidado com as costas (bom...o árbitro que deveria fazer isso, depois do que o Fabinho falou...enfim). Willian César, que havia entrado pouco antes da primeira expulsão, se transformou em um solitário atacante, rompendo insanamente a enigmática penumbra; Márcio Diogo saiu, o zagueiro Helberth entrou para dar mais força ao ferrolho villa-novense. O técnico carioca ainda colocou mais um atacante em campo (saiu Amarildo, entrou Raone), mas pouco depois Michel foi expulso ao cometer dura falta. A eliminação do meio-campista foi um golpe fatal para o time que sonhava em se despedir da série C de forma menos vergonhosa. Mas restavam cinco minutos de acréscimos...O Madureira desesperado se lançou ao ataque, entretanto se limitou a infrutíferas conexões aéreas. A mediocridade da casa garantiu o alívio derradeiro em Pretty Woman. Final de partida. Madureira 1x2 Villa Nova.

No outro confronto da rodada, o sorumbático Democrata se classificou ao empatar sem gols com o Juventus. No entanto, o Villa Nova conquistou a primeira colocação, com nove pontos, duas vitórias, três empates, uma derrota, 12 gols marcados, 6 gols sofridos. O Democrata também alcançou nove pontos, porém foi superado no saldo de gols; a pantera marcou sete vezes, mas sofreu dez golpes fatais. O Juventus agora apenas disputa alegremente a Copa da Federação Paulista, o Madureira...bom... o Madureira volta ano que vem. Fique com a ficha técnica.

05/08/2007 – domingo –16h

Madureira 1 x 2 Villa Nova Gols – Vivinho (6’ do 1º) (pênalti) (M) – Paulo César(21’ do 1º), Carciano (28’ do 1º) (V)

Local – Estádio Proletário Guilherme da Silveira Filho– Moça Bonita (Rio de Janeiro-RJ)

Árbitro – Eucimar Luís Ramos (ES) Assistente 1 – Ricardo Maurício Ferreira de Almeida(RJ) Assistente 2 – Dulcinete Ferreira Machado (RJ) 4º Árbitro – Adriano Ferreira Machado (RJ) Cartão Amarelo – Sílvio (M) – André, Rodrigão,Carciano, Raniery, Márcio Diogo, Fabinho (V) Cartão Vermelho – Michel (43’ do 2º) (M) – Fabinho(34’ do 2º), Carciano (37’ do 2º) (V)

Madureira – Bruno Garcia; Celso (Dinei) (11’ do 2º),Marcílio, Sílvio (Thiago Borges) (18’ do 2º) e Amarildo (Raone) (40’ do 2º); Tiago Costa, Daniel,Guido e Michel; Luciano e Vivinho Técnico – Gabriel Vieira

Villa Nova – Glaysson; Édson, Rodrigão, Carciano e Raniery; André, Emerson (William César) (32’ do 2º),Paulo César e Márcio Diogo (Helberth) (40’ do 2º);Fabinho e Rômulo (Jackson) (20’ do 2º) Técnico – Flávio Lopes

Depois do jogo: o sorriso de galã guatemalteco de Márcio Diogo simbolizou bem o sentimento de alívio e felicidade que invadiu cada coração villa-novense. Os jogadores saíam felizes e disparavam os discursos de superação já preparados antecipadamente com amor e carinho. Ah...como tempero especial...tradicionais elogios ao árbitro da partida. A festa dos heróis tipo C continuou nos vestiários; cantaram parabéns para alguém que desconheço e deram gritos de profundo êxtase que provavelmente irritaram os dirigentes anfitriões. A luz do vestiário foi solenemente cortada; o mesmo aconteceu com a varanda de imprensa. Aguiar ainda conquistou a façanha de ler alguns reclames antes de finalmente encerrar a jornada na mais completa escuridão. Antes disso, o narrador de ouro tinha se divertido bastante em meio a gargalhadas espalhafatosas. Tudo porque Fabinho boca suja, perguntado qual havia sido o motivo de sua expulsão, respondeu com toda a sinceridade: "Ah...eu mandei ele tomar no c..." O microfone da Aurilândia captou cada letra, cada palavra; nesses momentos não existe problema técnico, tudo funciona perfeitamente...e a Aurilândia se transforma na BBC de Londres. Culpa do Armando. Ou seria de Jota Moreira?

sábado, 18 de agosto de 2007

A batalha de Pretty Woman


Quando a noite chegar, a derradeira rodada já terá partido (de ônibus evidentemente), levando consigo as equipes que avançarão com seus devaneios de série B e liquidando aquelas que encontrarão no restante do calendário a maior razão para seu sofrer. Nada mais cruel e impiedoso. Aliás, já adianto que o Villa nunca viu na mirabolante Taça Minas “tapa buraco” Gerais, da qual inclusive é o atual campeão, uma boa opção para seguir sua vidinha ao longo do segundo semestre. O Villa é aventureiro, quer desafiar seus obstáculos, contrariar seus limites, acumular dívidas, desbravar o Brasil; por isso, embalado pelos fortes ventos de Bangu, imediatamente se lançou ao ataque com a intensidade de um feroz leão, em busca de uma das vagas do grupo 14 da Classe C tupiniquim. Com autoridade e uma certa ansiedade, ocupou o território inimigo, desejando castigar o mais rápido possível as redes de Bruno Garcia. O domínio parecia inabalável, as testemunhas anfitriãs no estádio Julia Roberts em Pretty Woman já manifestavam o precoce pessimismo dos medíocres profissionais. No entanto, um erro fatal evidenciou o eterno caráter traiçoeiro do futebol e rapidamente deu novo semblante à partida. O então inofensivo Madureira deu o bote em seu campo de retaguarda, capturou o passe adversário e avançou em contragolpe pela direita. A defesa completamente escancarada acompanhou Vivinho que apreciou a liberdade oferecida e invadiu a área vip villa-novense; na sequência o atacante foi atingido pelo volante André e caiu na terra prometida. Esposas, namoradas e sogras vibraram nas arquibancadas; o árbitro capixaba Elcimar Ramos marcou a penalidade máxima com um contido prazer no olhar. O zero a zero diria adeus.

Minuto 6: A descrição da maldição: Vivinho ignora o milagreiro Glaysson e dispara forte e rasante no rodapé direito. Gol do Madureira, o primeiro tento (haha) da já eliminada equipe suburbana na Série C. Nos minutos seguintes, o Villa entraria em pane e por pouco não sofreria novamente a dor do gol. A derrota significaria a eliminação, o empate transformaria todo villa-novense em fervoroso torcedor do Democrata na outra partida da rodada diante do Juventus; apenas a vitória daria a certeza da classificação ao final da partida. O cenário era recheado de desafios, o prazo era implacável. A Aurilândia transmitiu todo esse dramalhão mexicano-villa-novense que você acompanha a seguir.

Sim, a Aurilândia estava no ar levando angústia e esperança ao coração villa-novense. Tudo graças ao novo personagem deste blógui, o Armando, experiente técnico com passagens pela Itatiaia e Inconfidência, que nos acompanhou nessa empreitada decisiva, garantindo a transmissão integral da partida, contorcendo fios e se mantendo invicto no mundo das jornadas esportivas. Armando, uma espécie de Forrest Gump radiofônico, é uma figura sensacional, apesar de telespectador contumaz do Globo Rural.

A matéria sobre os caramujos gigantes africanos que estão atacando o Brasil não só me acordara naquela manhã como ainda me intrigava em meio ao forte combate no gramado de Pretty Woman. O seu Oscar Pereira, de Dourados (MS), mandou fotos do caramujo que está atacando suas árvores e sua horta. A atração global, sempre generosa, informou que se trata do temido caramujo gigante africano já citado por aqui, trazido para o Brasil na década de 80. Atenção seu Oscar, caso não tenha visto a edição desse domingo, aqui estão as recomendações para vencer essa praga: Para fazer o controle é preciso atraí-los durante a noite usando plantas das quais eles gostam, como hortaliças. De manhã, é só pegá-los e queimá-los. Mas cuidado, use luvas descartáveis ou sacos plásticos para proteger as mãos. O caracol africano se contamina com vermes prejudiciais ao ser humano. Se a infestação for grande, é melhor recorrer à autoridade sanitária da sua região.

O perigo de fato é iminente: esse caramujo é ousado e ataca com um estilo que mescla os melhores momentos de Didier Drogba e Roger Milla. Sempre envolvente e insinuante, ele gosta de viver em restos de entulhos, tijolos e locais úmidos com lixos orgânicos. Como o Seu Oscar já deve saber (bom...espero que saiba, senão que descanse em paz), o perigo são os parasitas que o caramujo africano hospeda; a contaminação pode se dar tanto com o contato da pele quanto pela ingestão das larvas; os sintomas das doenças causadas podem ser dores de cabeça, hemorragias, perfurações intestinais, danos ao sistema nervoso central, cegueira, enfim...acredita que a pessoa pode até morrer? É verdade...e pensar que esse bicho veio para cá no fim dos anos 80, numa tentativa frustrada de substituir o escargot no cardápio da elite afetada...As dondocas não apreciaram o sabor e como vingança o sindicato dos caramujos africanos decidiu instaurar a praga e...o Villa lentamente retomou a tranqüilidade e a confiança perdidas com o gol sofrido. O acuado Madureira se submeteu à veloz troca de passes mineira, cada vez mais agressiva e perigosa.

Minuto 22: Márcio Diogo escapa da marcação, abre espaço e dispara forte na direita da entrada de área. O goleiro Bruno Garcia espalma; o rebote vai para o domínio de Paulo César que, antecipando-se à zaga suburbana, dispara cruzado no rodapé esquerdo de Bruno; ela ainda toca na trave antes de detonar as redes. Êxtase em Pretty Woman. Grite Aguiar, grite na varanda de imprensa. Madureira 1x1 Villa.

Nesse momento, o domínio villa-novense era amplo, geral e irrestrito. O gol não tem hora, pode ser agora, diria o profeta cauteloso. Minuto 28: Raniery avança pela esquerda e levanta no balacobaco; um bate-rebate desenfreado termina com o último toque do humilde zagueiro Carciano que, no intervalo, confessaria que nem tinha certeza que havia sido o autor do gol da reviravolta. Madureira 1x2 Villa.

O jogo tornou-se extremamente aberto e inconsequente. O Villa contava com os avanços do inspirado Márcio Diogo que com belos dribles envolvia a pobre marcação adversária, talvez já preocupada com seu futuro após o final da partida. Apesar do fantasma do desemprego, embora boa parte do elenco já estivesse garantida na equipe do Bangu que disputa a segunda divisão carioca a partir deste mês de agosto, o Madureira buscava se reerguer na partida. O time carioca apostava na força física e nas faltas de longa distância: em uma delas, o meia Michel disparou forte, ela passou assombrando Glaysson, à esquerda de seu gol.

Os céus de Bangu, repletos de pipas domadas por moleques atrevidos, (algumas delas inclusive visitaram o gramado) testemunharam o final do intenso primeiro ato. Madureira 1X2 Villa. Com o resultado, a equipe mineira não só se classificava, como também garantia a antes improvável primeira posição do grupo 14, já que Democrata e Juventus seguiam empatados em zero a zero. Algo excelente para um time que nas primeiras quatro rodadas, colecionava três empates e uma derrota. Jota Moreira, por favor, comande o intervalo com seu estilo eloqüente e sempre equilibrado e racional. Ah....disparates, torpedos, invasões, cartões, palavrões, policiais, sorrisos e lágrimas...tudo isso na segunda etapa. Só faltaram os caramujos...Não perca.
(você está acompanhando o relato de Madureira x Villa, confronto disputado no domingo 5 de agosto, pela última rodada da primeira fase da Série C)

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Bangu 2014...porque nada é mais seguro.


O estádio Julia Roberts em Pretty Woman é um magnífico exemplo de como um bom anfitrião deve receber visitantes e forasteiros da imprensa. Os conceitos mais modernos de organização reinam imponentes nesse patrimônio do Bangu Atlético Clube; talvez uma herança dos queridos bicheiros, baluartes de um país sério e eficiente que eternamente desejamos. Por isso, certamente inspirados nesses avançados paradigmas, em nenhum momento, fomos obrigados a apresentar nossas credenciais da AMCE (Associação Mineira dos Cronistas Esportivos) e ABRACE (Associação Brasileira dos Cronistas Esportivos); bastou apenas aguardar que o árbitro da partida, trajando terno escuro e uma camisa rosa, estacionasse seu carro já no interior do estádio, em um setor próximo ao portão de entrada, para que fizéssemos o mesmo e partíssemos livres da burocracia e suas lastimáveis aporrinhações de praxe. Uma verdadeira aula de etiqueta que nos emocionou; só faltaram tapetes vermelhos e canapés ao longo do doce caminho rumo às cabines, mas espero que isso seja corrigido rapidamente.

Bom...somos bonitos, simpáticos e galantes; além de arrancar suspiros, transmitimos confiança e credibilidade por onde andamos e, acima de tudo, somos conhecidas estrelas da Aurilândia, uma rádio famosa em todo território nacional; por isso, realmente não seria justo passar pelo constrangimento de apresentar insignificantes documentos como figuras suspeitas e altamente perigosas. Aliás, se existe um logradouro onde reina a justiça, esse logradouro se chama Bangu. Esse é o país livre que sonhei para mim. Que seu exemplo sirva de lição para todos que gerenciam estádios no Brasil. Bangu 2014! A campanha já está lançada, Pretty Woman vai receber o mundo de braços abertos e... nem vai perceber isso. Castor de Andrade que nos proteja. Amém.


PS: tudo aconteceu no domingo 5 de agosto, antes do duelo entre Madureira e Villa Nova; dramático confronto disputado em Moça Boni...ops...Pretty Woman e que será destacado a seguir.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Alguém tem que matar



Ahhh...o simpático, o aprazível, o aconchegante bairro do Flamengo! Quando pela primeira vez o contemplei em toda sua hospitalidade acolhedora, senti até um ziriguidum bem no âmago do meu ser, lá mesmo, onde o coração bate mais forte e a coitada da razão nem sonha em reinar. Senhoras e senhores, devo lhes dizer que nem me recordava que estávamos na temível cidade do Rio de Janeiro, o balneário palco de chacinas, tiroteios, bombardeios, desacatos, subornos, assédios, ameaças, tsunamis e abalos sísmicos rotineiramente estampados nos diários sérios de nosso país varonil. O Flamengo é lindo em sua simplicidade, com sua gente falante e frenética ziguezagueando e sambalançando nas estreitas ruas repletas de vida, desejos, alegria e...atenciosos camelôs vendendo de raridades do tempo das vitrolas a peixes e crustáceos em sacos plásticos. O realismo mágico latino-americano em sua versão mais irreverente e fervilhante. Viva o Flamengo! (o bairro, é claro)

Advertência: talvez tudo citado acima, não tenha passado de uma grande ilusão; é verdade, como bom mineiro tenho que avaliar todas as possibilidades; talvez tudo tenha sido uma estrondosa conspiração governamental, uma gigantesca e eficiente maquiagem arquitetada em todo bairro pelos poderes estatais quando informados da visita da poderosa Aurilândia; ou quem sabe mais um inútil delírio deste blógui maldito, sempre mendigando assunto para se manter vivo. Portanto, aprecie com moderação.

Mas nãããoooo, apesar das fortes evidências, prefiro acreditar na beleza sincera que vi, inspirada pelo mar imponente, pelo morro da Urca, pelos bondinhos rasgando os céus da Guanabara em meio aos aviões que partiam seguros do Santos Dumont. Não há caos aéreo no Flamengo! Tudo vai bem, o amor e a solidariedade reinam nos corações dos controladores aéreos; até chego a pensar que o faraônico PAN trouxe a chama que faltava para a concretização desse balacobaco com jeitão de paraíso tropical. Lennon, Luther King, Ghandi, Inri nós conseguimos! Vamos transformar o Brasil em um imenso bairro do Flamengo!...Atenção Força Nacional, Exército e Policias Militar e Civil, podem se retirar, aqui todos só desejam a felicidade e o bem-estar social...Nada de guerra, nada de violência! Balas, só as doces... Porque a partir do Flamengo, Barra, Leblon e Vigário Geral vão se unir por toda a eternidade. Por favor, cante ministro, cante um trechinho...(a música é do João Donato)


A paz invadiu o meu coração

De repente me encheu de paz

Como se o vento de um tufão

Arrancasse meus pés do chão

Onde eu já não me enterro mais

A paz fez um mar da revolução

Lálálálálálálálálálálálálálálálálá

Ahhh...obrigado ministro, pode voltar ao seu gabinete refrigerado...Que maravilha, “all you need is love” baby, por isso, é no Flamengo que desejo sonhar, que desejo viv...mas olha só, não acredito, olha lá que vem, com seu doce balanço de bom vivant provinciano retornando de um passeio agradável pelo querido Flamengo; é ele, o presidente do Villa, o João Bosco, todo de branco como um pai de santo bem sucedido, certamente já envolvido pelos sublimes ideais de paz que emanam por todos lados dessa atmosfera celestial, trazendo sorridente um dvd corsário a tiracolo:

_Ei João...qual é a película?

_Duro de matar 4! Acabou de sair!

-Ah, legal...é isso aí...Maldito Bruce.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

O baile do Bonfim


Aguiar sempre com seu velho estilo nitroglicerinico. “Não foi pênalti!”, bradou histrionicamente ao microfone da bendita Aurilândia. No entanto, em meio ao clima de indignação heavy-metal, preferi respeitar minha miopia e disparar o clichê do “lance muito difícil que só após muitas repetições talvez fosse desvendado por completo”. Sérgio Noronha que me aguarde...Bom...o fato é que a penalidade estava marcada e a gorducha já se oferecia em busca de carinho; um toque sutil que a levasse delicadamente ao êxtase junto ao véu da noiva. Um tango, por favor. Everton se concentra para o ato; Glaysson, como um lanterninha de cinema, se prepara para frustrar o prazer alheio. O duelo particular enche de suspense o Alçapão do Bonfim. O drama apenas é rompido quando o árbitro autoriza e Everton avança como se partisse rumo a um matadouro de panteras. O disparo débil descreve uma trajetória lenta e suave. A irada gorducha ainda tem tempo de gritar “Frooouxooo!!!” antes de encontrar os braços de Glaysson, que a agarrou apaixonadamente no canto direito da meta villa-novense. O milagreiro não precisou evocar John Coffey nem mesmo o transloucado Doni. Foi uma cobrança miserável de Everton; até Alencar defenderia sem maiores esforços. O caminho estava definitivamente aberto para o massacre. Segue o baile.

O Villa retomou o ímpeto inicial e acelerou com toda intensidade em busca do gol. A blitz leonina envolveu com extrema facilidade a rendida equipe adversária; Minuto 29: o veloz Márcio Diogo, ostentando um penteado arrojado que o tornou ainda mais debilitado esteticamente, avança pelo bico direito da grande área, escapa do combate e dispara forte e cruzado no rodapé direito de Alencar. Villa 3x0 Democrata.

O belo terceiro gol do Leão embalou os minutos finais da primeira etapa. Na saída para os vestiários, os jogadores destacaram a humildade e determinação apresentadas na luta pelo resultado positivo, agradeceram a Deus, à torcida maravilhosa e reafirmaram que o jogo não estava ganho; o Democrata é uma grande e perigosa equipe...blá, blá, blá, blá, blá...Pausa para descanso.

Segundo ato O frenético twist and shout villa-novense, que apenas fora interrompido por um dramático tango no momento do pênalti inofensivo, deu lugar a um modorrento bolero nos minutos iniciais da segunda etapa. O cauteloso Villa burocraticamente aceitou o jogo truncado de um medroso Democrata, um verdadeiro gatinho Pacato. Os toques laterais, as faltas táticas, o ritmo de baile da terceira idade, só foram interrompidos por um lançamento fatal. Minuto 24. O cruzamento no balacobaco encontra o centroavante Rômulo que com um desvio preciso, supera o pobre Alencar e decreta mais um gol do Leão. Villa 4x0 Democrata...Twist and shout baby...

Na sequência, o time da casa decidiu trocar passes ao som de orgásticos olés, ditando a partida ao seu bel-prazer. Minuto 31. O maldoso anfitrião permanece no campo de ataque e alcança o quinto gol após um bate rebate cheio de ziriguidum na área inimiga. Carciano dispara e ela ainda encontra as pernas de Risonaldo Surubim, antes de castigar mais uma vez as redes de Alencar. Risonaldo Surubim... Villa 5x0 Democrata.

Diante do delírio inimigo, o jovem Rafael decidiu apostar em uma apresentação solo; Minuto 38: um despretensioso lançamento parte da direita e encontra o atacante que, com eficiência, marca um dos mais discretos gols da história do alçapão. Nada que modificasse o fervilhante e inspirado ritmo villa-novense, algo impensável diante das performances anteriores, repletas de vacilos e interrogações. Minuto 43: Edson avança pela direita e descola um lançamento na direção de Paulo César que, completamente livre de marcação, cabeceia marcando o estrondoso sexto gol. Villa 6x 1 Democrata.

A versão valadarense da Vênus platinada com limitações orçamentárias ainda choramingava a humilhação ultrajante quando em mais um ataque furioso, já nas cinzas das horas, Willian César sacramentou a goleada com um peixinho estiloso. Melhor encerrar o prélio: Villa 7x1 Democrata. Como última canção, o discurso presidencial, recheado de satisfação e promessas de levar a torcida ao Rio de Janeiro, para apoiar a equipe na partida decisiva diante do já eliminado Madureira. No outro confronto da rodada, o tricolor suburbano perdeu por um a zero para o Juventus na Rua Javari.

O equilibrio do grupo 14 confirmava as profecias da equipe de ouro da Aurilândia...Isso mesmo...Nós somos a equipe de ouro, você tem alguma dúvida disso? Ah....após a partida, ainda fomos aos estúdios e conhecemos pessoalmente Geraldo Eustáquio ou simplesmente ele: o mais fleumático dos plantões esportivos: Mister Jay Moreira. O grande âncora, sempre equilibrado e racional, nos mostrou sua situação de penúria em meio à ultrapassada estrutura de trabalho da Aurilândia, quase nos arrancando lágrimas sinceras. Fique com a ficha técnica.

Ficha Técnica

Villa Nova 7x1 Democrata-GV -domingo, 29 de julho- quinta rodada

Local: Estádio Municipal Castor Cifuentes, em Nova Lima-MG

Renda: R$3.224,00 Público: 595 pagantes

Árbitro: André Luís Martins Dias Lopes (MG)

Cartões Amarelos: Rodrigão, Éverton Araújo (Villa Nova); Riso Surubim (Democrata FC-MG)

Gols:Fabinho, aos 6'/1T; Rômulo, aos 13'/1T; Márcio Diogo, aos 39'/1T; Rômulo, aos 24'/2T; Riso Surubim, aos 31’/2T (contra); Paulo César, aos 43'/2T; William César, aos 46'/2T (Villa Nova-MG); Rafael, aos 38'/2T (Democrata FC-MG)

Villa Nova- Glaysson; Édson, Rodrigão, Carciano e Raniery; Everton Araújo (André), Paulo César, Emerson e Márcio Diogo (William César); Fabinho e Rômulo (Jil) Técnico: Flávio Lopes

Democrata: Alencar; Ernane, Riso Surubim, Miguel e Jean; Henrique, Hudson (Edílson), Anderson Tôto e Everton (Biro Gomes); Thiago Silva (Miller) e Rafael Técnico: José Maria Pena.

Próximo destino: Rio de Janeiro, Moça Bonita, sexta rodada- 5 de agosto- MADUREIRA X VILLA NOVA

terça-feira, 7 de agosto de 2007

A metamorfose



Certa tarde, ao acordar após rodadas patéticas, o Villa Nova viu-se no gramado, metamorfoseado num monstruoso e voraz Leão. Do outro lado, uma anêmica pantera, que se imaginava a fera soberana no caótico reino do grupo 14 da Classe C tupiniquim, sonhava ingenuamente com um empate que já lhe garantiria na fase seguinte da competição. Pobre coitada; o time do Democrata ignorava o iminente crime do qual seria uma melancólica vítima. Dentro de instantes, as testemunhas presentes ao Alçapão do Bonfim, assistiriam a um dos mais inesperados e devastadores massacres da história de Nova Lima. “Nunca antes na história deste estádio, aconteceu algo semelhante”, diria o presidente Lula. Em meio à avalanche de gols e declarações de amor eterno, os antigos vilões villa-novenses sairiam consagrados de campo. Tudo lhes seria permitido naquela noite de glórias e prazeres infinitos; abnegados pais de família prenderiam suas filhas em casa, tanto as comportadas quanto as assanhadas. Os jogadores e torcedores do Democrata desejariam partir imediatamente para Miami, aproveitando a tragédia para antecipar a inevitável debandada da escaldante Governador Valadares. Flávio Lopes, o novo comandante do Leão, discursaria com ares de gênio intocável, arquitetando teorias mirabolantes que justificariam a fulminante redenção. O presidente João Bosco lançaria sorrisos até para os maridos e namorados das moçoilas das arquibancadas. Uma onda de inabalável otimismo abraçaria todo o Bonfim: os ruidosos pastores da filial da Assembléia de Deus ao lado do estádio, gritariam em uníssono: Aleluia! Vamos contribuir irmãos! Aleluia! Aleluia! Ahhhh...uma felicidade incontida...Sorrisos, abraços, agradecimentos por todos os lados...e a tristeza....a tristeza não poderia nem pensar em chegar! Não é mesmo Pirulitovsky?


A edição de 19 de julho da Folha de São Paulo, adquirida em uma simpática padaria no bairro paulistano da Lapa, que se orgulha em oferecer aos clientes a estrondosa iguaria “caracu com ovo” em sua carta de bebidas, estampou no caderno Ilustrada, mais exatamente na sempre badalada seção de astrologia:

SAGITÁRIO
Você lembra do que o levou a aceitar certos encargos, a assumir alguma tarefa profissional específica? Pois é dia de ajustar isso às demandas internas. Sem ter medo de mostrar as fraquezas e fragilidades. Por meio delas é que você irá desmascarar o que não anda bem. Mudar é preciso e agora.

Aguiar é do signo de Sagitário, diria Zora Yonara. O jovem jornalista andava desgostoso com os insistentes problemas técnicos da Aurilândia. A simples leitura do texto citado, bastou para lhe encher de coragem e ousadia. Aguiar desejava promover a revolução de sua vida. Ele nunca foi masoquista. Nada iria o deter! Enfrentaria todos os perigos em busca de sua satisfação terrena e espiritual. No entanto, após alguns cigarros e horas de reflexão, a vontade acabou passando. Ele não deve acreditar muito em horóscopo. Seguimos em frente. Superamos o árduo confronto diante do Juventus relatado aqui anteriormente. Agora, a reedição do duelo mineiro.

A linha de transmissão estava perfeita. Dentro de instantes, a Aurilândia, com seu potente som estilo anos 70, transmitiria Villa Nova e Democrata, pela quinta rodada do grupo 14 da Série C. Os jogadores no gramado, mas nada de entrevistas. O equipamento de retorno explodiu de vez e lamentavelmente não beberei na fonte de sabedoria e eloqüência dos artistas do espetáculo. Uma pena. Vou desafiar minha miopia e me posicionar em uma das cadeiras da luxuosa cabine 3 do Alçapão do Bonfim...Bom...pelo menos no intervalo ganharia sanduíche de presunto e refrigerante. Para o Democrata, um chocolate bem amargo, envolto em papel clichê.

Primeiro ato. O Villa impôs um jogo veloz e altamente insinuante. O Democrata já desnorteado assistia à troca de passes e deslocamentos dos furiosos adversários. Minuto 6. O Leão ataca e ameaça pela esquerda da entrada de área; Paulo César bate cruzado, o disparo sai fraco, mas encontra Fabinho pelo caminho. O atacante domina e finaliza no rodapé direito do pobre goleiro Alencar. Êxtase no Alçapão. O primeiro gol de um atacante villa-novense na competição. Suor e lágrimas.Villa 1x0 Democrata.

A pressão seguia avassaladora. O Leão exibia uma nova e irresistível face marcada por um ritmo alucinante. Minuto 13. Uma seqüência fatal. Emerson destila seu veneno em cobrança de escanteio pela ponta direita; Paulo César cabeceia, Alencar espalma e Rômulo apanha o rebote na pequena área. Villa 2x0 Democrata. Precoce velório na transmissão da Globo Valadares. O beijo na viúva parecia já iminente.

Em meio à euforia das testemunhas em estado de graça, o Villa reduziu sua intensidade e procurou resgatar o fôlego inicial com a troca de passes burocráticos nas intermediárias do gramado. O Democrata percebeu nessa mudança de postura villa-novense, a chance de alcançar uma improvável reação. A Pantera, com abusada agressividade, passou a ocupar os espaços no campo de ataque e conferir minutos de alta competitividade à partida. O articulador Thiago Silva, improvisado como atacante, descolou um ataque pela direita, arranca, invadiu a área e adiantou a gorducha; percebendo o erro, imediatamente buscou o contato adversário e caiu na terra prometida.

O árbitro marcou a contestável penalidade. A esperançosa Globo Valadares vibrou na expectativa da redenção. Everton na cobrança. Glaysson no centro da meta. A torcida forasteira amaldiçoa o milagreiro rechonchudo. Malditos yankees valadarenses. Tudo pode mudar.

(continua)

sábado, 4 de agosto de 2007

De The Doors para Pirulito



This is the end Beautiful friend

This is the end

My only friend, the end

Of our elaborate plans, the end

Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end

l"I never look into your eyes...again

Can you picture what will be

So limitless and free

Desperately in need of some stranger's hand

In a...desperate land

Lost in a Roman...wilderness of pain

And all the children are insane

All the children are insane

Waiting for the summer rain, yeah

There's danger on the edge of town

Ride the King's highway, baby

Weird scenes inside the gold mine

Ride the highway west, baby

Ride the snake, ride the snake

To the lake, the ancient lake, baby

The snake is long, seven miles

Ride the snake...he's old, and his skin is cold

The west is the best
Get here, and we'll do the rest

The blue bus is callin' us
Driver, where you taken' us

The killer awoke before dawn, he put his boots on

He took a face from the ancient gallery

And he walked on down the hall

He went into the room where his sister lived, Paid a visit to his brother, and then he

He walked on down the hall, and

And he came to a door...and he looked inside

Father, yes son, I want to kill you

Mother...I want to...fuck you

C'mon baby, take a chance with us

And meet me at the back of the blue bus

This is the end Beautiful friend

This is the end My only friend, the end

It hurts to set you free

But you'll never follow me

The end of laughter and soft lies

The end of nights we tried to die

THIS IS THE END

The Doors, The end


ps: Flávio Lopes é o novo técnico do Villa. Ele assumiu a equipe na terça-feira 24. Próximo destino: Nova Lima, 29 de julho, quinta rodada- VILLA NOVAX DEMOCRATA-